segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

( Febre )

«Existem os frangos de primeira classe, segunda classe, terceira classe, etc. As galinhas são reguladas para porem os ovos sensivelmente ao mesmo tempo e estes são colocados num compartimento específico, quente e com luz. Quando os responsáveis entram no compartimento, há pintainhos já em perfeitas condições, secos, amarelinhos, fofinhos... Estes são os de primeira classe - são os mais fortes. Alguns ainda estão um pouco molhados, mas já fora do ovo. Ainda são decentes. São os de segunda classe. Outros ainda estão metade fora e metade dentro. Há ainda os que ainda só têm a cabeça de fora e os que ainda estão a debicar para tentar sair do ovo. Todos estes que não foram classificados são atirados para uma passadeira e triturados.»

«Oh... O que é que interessa? Iam ser comidos de qualquer maneira... O que é que interessa serem mortos mais cedo ou mais tarde?»

( De lágrimas nos olhos ) «O quê??? Então tanto faz morreres com um ano de vida, ou com 80?»

«Não compares. Não sejas tola.»

( Lágrimas, silencio. QUE PUTA DE MENTALIDADE. Tola? )





Fazemos de nós a maior merda que existe à face deste planeta e ainda reclamamos o estatuto de SUPERIORES. Mete-me nojo fazer parte desta raça.

terça-feira, 1 de maio de 2012

( Loucura cíclica )



E se escrevesse tudo o que me passa pela cabeça?
Milhares de páginas rabiscadas que te levariam à loucura (talvez uma maior que a minha).
Loucura, sim! Digo-me louca. Digo-me louca por não saber ser louca. Digo-me louca por mil e uma razões que não tenho capacidade para enunciar (por ser louca).
E alimento essa loucura, talvez por ser louca...
Enlouqueço com o mundo, enlouqueço com a sociedade, enlouqueço com o Homem, enlouqueço comigo. E enlouqueço por enlouquecer.
Enlouqueço por não conseguir fugir à loucura.
E agora enlouqueço-te a ti por te fazer achar que sou louca.




(E não é que sou mesmo?)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

( Ciclo vicioso )



Acorda.
Finge.
Tortura.
Adormece.
Tortura.
Acorda.

Recomeça.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

( Poema sem fundo )





Afirma-se.
Afirma-se num sussurrar...
Um sussurrar de onda na pedra.


Afirma-se e engole.
Mergulha no mais profundo oceano,
Um oceano elegantemente tétrico
Onde se avistam as estrelas.
Negro, aparentemente silencioso,
Desconhecido, assustador.
Procurado mas temido.


Criatura estranha no meio de tantas outras,
Sugada sabe-se lá por quem ou o quê.
Criatura grotesca, criatura infundada.


Mergulha criatura, mergulha...

sábado, 4 de fevereiro de 2012


Gosto do cheiro da terra depois de chover. Gosto de chorar quando a música o pede. Não gosto de despedidas. Não gosto de sofrer por antecipação. Gosto de praia. Gosto de Mar. Gosto do silêncio. Gosto de observar. Gosto de ver fotografias em papel. Gosto de fotografar sem planos. Não gosto de ver planos irem por água a baixo. Não gosto de chegar atrasada. Não gosto de me irritar. Gosto de fotografar. Não gosto de ser fotografada. Não gosto de ser deixada à espera por um tempo interminável. Gosto da minha família. Não gosto de não gostar de mim. Gosto de Fernando Pessoa. Gosto de José Saramago. Não gosto de pessoas ignorantes por opção. Não gosto de mandar. Não gosto do frio. Gosto do arroz de marisco da minha mãe. Gosto do Tiago Bettencourt. Gosto de sentir orgulho nos meus irmãos. Não gosto do «politicamente correcto» sem fundamento. Gosto dos meus sobrinhos. Não gosto de me sentir inútil. Não gosto de errar. Não gosto de ser iludida. Não gosto de ser desiludida. Não gosto de desiludir. Gosto de pessoas genuínas. Não gosto de ser chata. Gosto de quem vê mais além. Gosto de ver pessoas a crescer. Gosto da evolução. Gosto de abraços. Gosto de aprender. Gosto do entusiasmo após um sessão que correu bem. Gosto de rever os meus trabalhos do início até à actualidade. Gosto de sentir que os meus trabalhos antigos são ridículos. Gosto de animais. Gosto de sonhar. Gosto de acreditar. Não gosto de me sentir pressionada. Não gosto de tabaco. Não gosto de pessoas egocêntricas. Gosto de barba por fazer. Gosto de quem não dá nas vistas. Gosto da confiança de um amigo. Gosto de bons filmes. Não gosto de mentir. Não gosto de fanatismo. Gosto de falar de ideias. Gosto de ouvir. Gosto de analisar. Gosto de escrever a preto. Gosto de verde. Gosto do céu. Gosto das estrelas e da Lua. Gosto de acampar. Gosto de paz. Não gosto de estudar durante muito tempo. Gosto de arte. Gosto de abstracção. Gosto de reconhecer um Artista. Gosto dos sons da Natureza. Não gosto da minha própria cobardia. Gosto de vozes serenas. Não gosto que falem alto. Não gosto de sentir que falo alto. Gosto de vozes graves. Gosto do sorriso de um criança. Gosto de gatos. Gosto de pessoas Bonitas. Gosto da inteligência. Gosto da consciência. Não gosto de pessoas convencidas. Não gosto de me sentir cansada. Não gosto de dormir pouco. Não gosto da mentira. Gosto de poesia. Não gosto de analisar poemas. Gosto de pulseiras. Gosto da minha pulseira dos caracóis. Gosto de água. Gosto de nadar. Gosto de tomar banho em água a ferver. Gosto de chorar na água. Não gosto de hipocrisia. Não gosto de ser o centro as atenções. Gosto que me mexam no cabelo. Gosto de massagens. Gosto de fados sofridos. Gosto de piano. Não gosto de não ter jeito para lidar com crianças. Gosto da ingenuidade infantil. Não gosto da saudade. Não gosto da dor de pensar. Gosto de gritar silenciosamente. Gosto de matar saudades. Gosto de fotografias a preto e branco. Gosto de fotografias analógicas. Gosto de fotografar enquanto devia estar a estudar. Não gosto de filmes de acção ou comédia. Gosto da saga Harry Potter. Gosto de ser da geração Harry Potter. Gosto de me arrepiar com uma música. Gosto do som de uma lágrima a cair. Gosto de conhecer pessoas interessantes. Gosto do fogo. Gosto de andar à chuva. Gosto de ver pessoas a surfar. Gosto de beber um panachê numa esplanada. Gosto do pôr-do-Sol. Gosto do nascer-do-Sol. Gosto de tirar uma folha de uma árvore e rasgá-la. Gosto de ver folhas a cair. Gosto do Verão. Gosto de férias. Gosto de calma. Gosto de perceber. Não gosto de pessimismo. Gosto de realismo. Não gosto de pessoas superficiais. Não gosto de andar de carro. Gosto de escrever. Não gosto de poemas  tradicionais e clássicos. Gosto de liberdade. Gosto de fechar os olhos e sentir o calor do Sol na cara. Não gosto de preconceitos. Não gosto de rótulos. Gosto de observar aves a voar. Gosto da liberdade do voo. Gosto da elegância da Natureza. Gosto do espírito escutista. Não gosto de ter falta de tempo. Não gosto de não ter tempo livre. Não gosto do medo.  Gosto de rabiscar. Gosto do abstracto. Não gosto da injustiça. Gosto do difícil. Gosto da confiança. Gosto de ter razões para confiar. Gosto de escrever coisas aparentemente sem sentido. Não gosto de me sentir observada. Não gosto de me sentir desconfortável. Gosto de olhos. Gosto de mistério. Gosto de oliveiras. Gosto de chorões. Gosto de sensibilidade. Gosto de cumplicidade. Gosto de ajudar. Não gosto que abusem de mim. Gosto da opinião fundamentada. Gosto de boa educação. Gosto de um pedido de desculpas sentido. Gosto do som do Mar. Gosto do cheiro do Mar. Gosto da simplicidade. Não gosto da areia. Não gosto de excesso de elementos. Gosto de ver Ballet Clássico e Moderno. Gosto da luz do Sol. Não gosto de música electrónica. Não gosto de música Pimba. Não gosto do Humano. Não gosto de futebol. Não gosto da superstição. Gosto da forma bruta como o Mar toca as rochas. Gosto da humildade. Não gosto de sentir culpa. Não gosto de indefinição. Gosto de ter confiança em mim. Não gosto de aranhas perto de mim. Gosto de boas surpresas. Gosto de répteis. Gosto da luz ao pôr-do-Sol. Não gosto de meios infelizes para atingir sucesso. Gosto de pessoas cultas. Gosto de ser respeitada. Gosto de pessoas controladas. Não gosto de violência. Gosto de andar de bicicleta. Gosto de viajar sem planos. Não gosto de organização extrema. Não gosto de excesso de mariquices. Não gosto de coisas esteticamente desagradáveis. Gosto de estrelas cadentes. Gosto de concretizar objectivos. Não gosto da negação. Gosto de me deitar no chão e ver as estrelas. Não gosto da futilidade. Gosto do Universo. Gosto da Natureza. Não gosto do egoísmo do Homem. Não gosto de ser julgada.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

( Loucura )



Procura, toca, chama.
Sem sucesso.
Quarto escuro de gente louca,
Alma infinita.
Compartimentada.
Desprovida de início e tão pouco de fim.
Mistério inalcançável,
Corrida deambulante.


Pára!


E surge nova questão.
A quem se dirige?
Eu, Tu, Nós, Vós? 


Pára!


Sanidade inconsciente...
Consciente insanidade...
Loucura infundada de gente doida...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

( Presença )



Faço desta imagem uma recordação,
tão viva e dolorosa.
Observo-a à distância,
1000 nuvens nuns passos.


Este conforto é já lágrima,
Esta presença é já saudade.


O presente é ainda presente,
é ainda aquela prenda do nada
que teimo em não aceitar.


Oh consciência! Oh falta dela!
Quem irá desvendar tal mistério??


Faço da folha carvão,
Faço da folha poluição.


Faço de mim o infinito.
A melodia inaudível,
O corpo intocável
Num espaço invisível.


Faço de mim o que não sei fazer,
Faço de mim o que não sei dizer.


Na verdade, a presença em falta aqui não és Tu.
Sou eu.
Eu, Eu, este incompreensível «Eu».

sábado, 14 de janeiro de 2012

( Grito )

Ah! A paz do nada,
a paz do infinito.
A interminável inocência,
na consciência de uma grito.

Ah! Este correr contra as ondas,
Este boiar de gente morta,
Este corpo desnudo
que a alma conforta.

Ah! Esta felicidade corrupta,
Num órgão falido,
Esta dança da chuva,
Num livro não lido.

Ah! Esta insignificância,
Este não existir, existindo,
Este andar e prolongar,
Este inspirar e expirar.

AH! Este gritar...