sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

( Bicho de estimação )



Há uma raiva em mim morta por sair, por explodir com todo o meu corpo e mente.
Este bicho aumenta um bocadinho todos os dias e engole-me as entranhas.
Não me quer fazer mal, só quer sair e brincar com a mente de todos os outros.
Por vezes apanha a janela aberta e consegue espreitar, mas a janela é pequena demais. 
Para sair terá que cavar um buraco por si próprio. E isso dói.
Recuso-me a abrir-lhe mais a janela. Talvez por medo, talvez por vergonha. Não quero que saia.

Devora-me, estilhaça-me, destrói-me, corrói-me, e eu ajudo, com tudo o que tenho para dar.
Até ao dia em que não restar nada.