domingo, 2 de março de 2014

( "Nunca" )


Quando pensas que sabes Tudo,
Tudo desvanece.
O certo é errado, o preto é branco, o som é silêncio.

Certezas inocentes num mundo ignorante.

Esta inteligência idiota e destrutiva,
Que não olha à sua volta,
Acha que o universo funciona em si e para si.

Cambada de tolos.



De mais um tolo.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

( Bicho de estimação )



Há uma raiva em mim morta por sair, por explodir com todo o meu corpo e mente.
Este bicho aumenta um bocadinho todos os dias e engole-me as entranhas.
Não me quer fazer mal, só quer sair e brincar com a mente de todos os outros.
Por vezes apanha a janela aberta e consegue espreitar, mas a janela é pequena demais. 
Para sair terá que cavar um buraco por si próprio. E isso dói.
Recuso-me a abrir-lhe mais a janela. Talvez por medo, talvez por vergonha. Não quero que saia.

Devora-me, estilhaça-me, destrói-me, corrói-me, e eu ajudo, com tudo o que tenho para dar.
Até ao dia em que não restar nada.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

( Miudo sonhador )

É incrível, a força com que nos agarramos ao passado. Sinto-me tão ridícula, tão fraca. Por muito que os dias passem, e alguns deles não tenham rasto de ti, acabo sempre por voltar lá. Isto provoca uma mistura de sentimentos, cuja média podia ser a indiferença, mas é tudo menos isso. 
E o pior é que esse passado nem sequer existiu. O que guardo na memória é a esperança de um passado, e não o passado. Ainda assim, esse passado inexistente marcou mais do que devia.
Não sei bem se é isto que me mantém viva ou se é isto que me mata. O que quer que seja, não me larga.
Não me sufoca, mas também não me alivia. 
Passa tanta gente por nós, tanta gente interage connosco... Porque é que não nos podemos sentir completos com o bocadinho que cada uma dessas pessoas partilha connosco? 
Faltas-me tu. E a verdade é que não sei se te quero, mas sei que me faltas.
Falta-me a tua verdade, por muita mentira que se inclua nessa verdade.

(Meu) Miudo sonhador.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

( Febre )

«Existem os frangos de primeira classe, segunda classe, terceira classe, etc. As galinhas são reguladas para porem os ovos sensivelmente ao mesmo tempo e estes são colocados num compartimento específico, quente e com luz. Quando os responsáveis entram no compartimento, há pintainhos já em perfeitas condições, secos, amarelinhos, fofinhos... Estes são os de primeira classe - são os mais fortes. Alguns ainda estão um pouco molhados, mas já fora do ovo. Ainda são decentes. São os de segunda classe. Outros ainda estão metade fora e metade dentro. Há ainda os que ainda só têm a cabeça de fora e os que ainda estão a debicar para tentar sair do ovo. Todos estes que não foram classificados são atirados para uma passadeira e triturados.»

«Oh... O que é que interessa? Iam ser comidos de qualquer maneira... O que é que interessa serem mortos mais cedo ou mais tarde?»

( De lágrimas nos olhos ) «O quê??? Então tanto faz morreres com um ano de vida, ou com 80?»

«Não compares. Não sejas tola.»

( Lágrimas, silencio. QUE PUTA DE MENTALIDADE. Tola? )





Fazemos de nós a maior merda que existe à face deste planeta e ainda reclamamos o estatuto de SUPERIORES. Mete-me nojo fazer parte desta raça.

terça-feira, 1 de maio de 2012

( Loucura cíclica )



E se escrevesse tudo o que me passa pela cabeça?
Milhares de páginas rabiscadas que te levariam à loucura (talvez uma maior que a minha).
Loucura, sim! Digo-me louca. Digo-me louca por não saber ser louca. Digo-me louca por mil e uma razões que não tenho capacidade para enunciar (por ser louca).
E alimento essa loucura, talvez por ser louca...
Enlouqueço com o mundo, enlouqueço com a sociedade, enlouqueço com o Homem, enlouqueço comigo. E enlouqueço por enlouquecer.
Enlouqueço por não conseguir fugir à loucura.
E agora enlouqueço-te a ti por te fazer achar que sou louca.




(E não é que sou mesmo?)

quinta-feira, 26 de abril de 2012

( Ciclo vicioso )



Acorda.
Finge.
Tortura.
Adormece.
Tortura.
Acorda.

Recomeça.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

( Poema sem fundo )





Afirma-se.
Afirma-se num sussurrar...
Um sussurrar de onda na pedra.


Afirma-se e engole.
Mergulha no mais profundo oceano,
Um oceano elegantemente tétrico
Onde se avistam as estrelas.
Negro, aparentemente silencioso,
Desconhecido, assustador.
Procurado mas temido.


Criatura estranha no meio de tantas outras,
Sugada sabe-se lá por quem ou o quê.
Criatura grotesca, criatura infundada.


Mergulha criatura, mergulha...